quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Salt Lake City.

Sexta-feira cedo acordamos com um plano: vamos pra Salt Lake City. Pesquisamos preços de Hotel e descobrimos que nós, funcionárias da Snowbasin, poderíamos ficar num hotel da rede com desconto. Dormimos com luxo na Suíte Queen Double: me, Louise and Gabriela.



Descobrimos perto do Hotel uma Liquor Store e uma Wendy’s . Perfeitos pro jantar. Descobri um sanduíche melhor que Mc Donalds e descobri um segredo aqui nos EUA; na dúvida peça sempre médio. Os vendedores sempre perguntam: What size? Eu sempre fico na dúvida, gosto de ser daquelas em cima do muro: medium. Se o médio já é enorme, como será o large? Não quero nem ver!

Depois de alimentadas, fomos pra sessão maquiagem. A proposta da noite era irmos no The Hotel Elevator. Lá haveria uma festa onde parte do traje obrigatório era gorro ou cachecol (sugestivo). Três andares de música e diferentes ambientes. Tinha um Papai Noel gigante inflável, uma cabine de fotos instantâneas, dançarinas de biquíni (quem usa biquíni aqui no inverno???), sala de narguiles, caixa eletrônico dentro da balada e pulseirinhas coloridas por todos os lugares.



Eu e a Gabe fomos à cabine de fotos (óbvio que eu não perderia isso). Sensacional e como eu sempre havia assistido nos filmes: você senta, coloca suas 3 notas de 1 dólar (nada é de graça nessa vida), clica no formato/moldura da foto e uma voz feminina diz “Here we go”. Sorrimos e miramos os olhares para a câmera, FLASH, careta com olhares engraçados, FLASH, língua pra fora e bico de beijo, FLASH, o mesmo sorriso anterior e mais forçado, FLASH. Isso tudo em questão de 4 ou 5 segundos. A posição precisa ser mudada num piscar de olhos e não dá pra marcar bobeira, se ficar feia ou não gostar, a foto sai assim mesmo. 
Pulamos fora da cabine e a máquina cuspiu duas cópias em miniatura.

Estávamos um pouco desorientadas. No bar, quando fui pedir as bebidas, não havia cardápio nem menu. Ai olhei para as meninas pensando: “Water?” Era a única coisa que eu sabia que eles tinham com certeza. Ok, vamos confiar no barman: você escolhe nossa bebida (mas faça algo bem fraco e doce, plis?). Como todo brasileiro, sempre somos alvo de muito papo e simpatia. Conversamos com algumas pessoas e fizemos amizade com um barman mexicano. Ele dizia: “I hate english, let’s talk portuguese and spanish” e nós rimos muito com ele. No fim, ele nos mostrou um novo ambiente do Hotel Elevator: era uma espécie de porão com uma festa mexicana e com direito a música salsa! Era tudo que nós queríamos conhecer! Bailamos mucho! Paso aquí, dos allá. Arriba! A festa era divertida e tinha bexigas com gás hélio. Fiquei emocionada e como criança levei a lembrança pra casa/hotel. Pontualmente, às 2:00 am (aqui eles usam o sistema 12h) a música desligou, a luz acendeu e as portas se escancaram. Aquilo parecia um aviso. Interpretamos que deveríamos ir embora.



Fomos pro hotel e dormimos numa cama. Sei que isso é meio óbvio, mas estou apenas frisando para lembrá-los que estamos dormindo há duas semanas (eu) em colchões de ar. Finally uma cama de verdade. E grande! Dormiu eu e Gabe. Nem parecia que tinha alguém do meu lado. A Louise espaçosa ficou com a cama só pra ela. Dormiu de atravessado e com os braços bem abertos, só pra fazer inveja.

Acordei razoavelmente cedo (9:00 am) pra tomar banho e passar meus 34 cremes. As meninas sempre usam desse artifício pra dormir mais. Dizem que sou enrolada. Pff, baboseira (hahaha). Todas acordadas, tentamos (com certo sucesso) usar a máquina de café expresso do quarto. O café deles é muito ruim, não adianta insistir.



Pegamos um bondinho elétrico que dentro de uma linha/área é gratuito. Fugindo mais para a periferia há um custo que nós não fizemos questão de descobrir. Se não tivéssemos errado o sentido, jamais teríamos ido para a periferia, logo, não teríamos ter que pagar nada. O problema é que aqui tudo funciona e as leis são severas. Infringir coisas desse tipo pode custar quase 1000 dólares e uma deportação.



A cidade como um todo é muito moderna, glamorosa e toda enfeitada. Aqui eles levam muito a sério esse espírito natalino.  A maioria das árvores de natal é de verdade (sim, pinheiro mesmo) e tem pisca-pisca por todo-lugar-que-você-olha! A cidade de noite é linda, como nos filmes americanos. Em SLC nós sentimos muito frio. Eu, porque sou friorenta memo. A Louise porque queria comprar um casaco novo e saiu SEM coat pra não ter que carregar o casaco velho na volta (eu fui totalmente contra isso, Fátima, mas ela é muito teimosa).  A Gabe foi ludibriada pela Lou que estava quente e não precisava de casaco pesado pra sair de casa (Quente? Essa história não faz sentido pra mim até agora). Desde sexta-feira o clima aqui tem esfriado. O vento é forte e cortante. Gela até a alma. Isso significa que vem neve por ai. Uhul!
Indo para o shopping, paramos na frente do Planetário. Pra quem nunca foi, é como um observatório e tem muitas demonstrações/explicações sobre a lua, galáxia, satélites e planetas (claro). Entramos e parecíamos crianças em sua primeira aula de física; ficamos maravilhadas com a engenhosidade de algumas brincadeiras, vídeos, fotos e máquinas. Havia cenário pra fotografar e milhões de badulaques inúteis pra vender. Perdemos uma hora só ali, mas valeu a pena. A ciência é incrível.



O shopping Gateway é muito bonito, grande. Não é como os shoppings que conhecemos: é ao céu aberto, diversas lojas uma do lado da outra e você não consegue saber onde está, pra onde está indo e onde está quente. Achamos a área de alimentação. A Gabe sugeriu de primeira o Applebee’s. A fome disse sim, sem titubear. Pois veja a coinciência, ontem a Giu me recomendou justamente esse lugar. Entramos, pedimos uma entrada e pratos de carne (como faz falta a carne do Brasil). A entrada era enorme e só aquilo já haveria nos satisfeito, se não fosse a gula. O pânico foi crescendo quando os pratos chegaram: eram gigantes. A cada dia aprendo uma nova lição; agora sei o porquê da obesidade nesse país. A comida era deliciosa, mas não havia como devorar tudo. Lutamos, relutamos, rimos e choramos muito na mesa na tentativa de limpar o prato. Apenas a Gabe conseguiu finalizar (porque ela deu sorte e o dela era bem pequeno), mas eu e Lou não queríamos desperdiçar nenhum penny. Enfim, o purê de batata venceu e ficou pra trás.



Andamos muito, muito e muito no shopping. Ao fim do dia havia conquistado 2 sobretudos por U$ 26 dólares cada um. Dá pra crer nisso? Nem num brexó brasileiro eu faria essa façanha. Adoro o consumismo desse país! Achei calças jeans que ficam perfeitas pra mim. A numeração é esquisita. Para as calças, começa no zero; eu uso number  1. E de sapato? Uso número 2! Acho que é por isso que todos na Snowbasin me chamam de little girl, little baby, little one etc.

A única loja que merece comentários é a Victória Secret’s. MEUDEUS, que perdição. É um paraíso para as mulheres e o sistema de atendimento é perfeito. Você entra, elas mensuram seu corpinho e dizem qual o seu tamanho de lingerie no EUA (32B, pequenininha, of course). Ai você vai pro provador e experimenta todos os modelos da loja. Os modelos são tabelados e após a escolha de quais ficam bons, você nunca mais irá provar sutiã na vida. Basta mostrar seu cartão com os modelos que você assinalou que a vendedora lhe apresenta as 500 variações de estampas, justamente daqueles modelos. Ou seja, aquele que te serve, fica bom e você pode apenas ficar apontando e babando neles sem a necessidade de adivinhar ou testar a qualidade daquele bojo ou daquela alça. Quantos artifícios pra te convencer a comprar... Quase cai na deles. Mas resisti: depois do Ano Novo os preços caem muito. Dica da Giulliana!



Bom, apenas pra comentar que o melhor lugar pra comprar roupa é a Foverer 21. Muito barato. Às vezes você não dá sorte de achar algo que goste, mas vale a pena passar e vasculhar as sessões. Se não achar a roupa certa, pelo menos achará bons motivos pra rir. Eu e a Gabe adoramos ficar circulando nos shoppings.



Fomos na Starbucks. Afinal, é a melhor cafeteria daqui. Não gostei tanto assim. Tomei um Macchiatto com caramelo. Tinha tudo pra ser delicioso, mas sei lá, acho que eles usam pouco pó e não capricham no preparo. Enfim, café bom somente em março, paciência.


Voltamos pra casa, cansadas e morrendo de frio. O trem da volta teve um fato bem engraçado e infantil. Ao nosso lado sentou uma mãe e suas duas filhinhas gêmeas (de uns 4 anos). Atrás da Louise mais umas 2 crianças de uns 5 anos cada. Ao lado desses dois, havia mais um sonolento. Atrás de mim e da Gabe mais alguns circulando e cantarolando. E junto conosco sentou um avô e suas duas netas, de uns 4 anos cada. Sentia-me numa creche. Era muita, mas muita criança. Vocês conseguem imaginar a folia, o corre-corre, pula aqui, cai lá, choros, puxão de cabelo de todos eles simultaneamente? Era uma baderninha muito engraçada. Foi muito divertido e fofo. Adoramos e nós, como qualquer menina, ficamos babando e falando cute-cute com elas. Essas duas meninas e o avô, que estavam na minha frente vieram conversando conosco. Certo momento, o avô disse para mim que sua neta era capaz de contar até 100. Eu perguntei se aquilo era verdade. Ela sorriu, disse que sim e ainda mais: iria provar contando de 1 a 100 ali na minha frente. Gente, eu não precisava daquilo pra acreditar. Mas ela insistiu e começou: one, two, three, ... Foi até os 60 muito bem, depois começou dos 30 de novo. Quase dormi entre o 80 e 90. Mas ela chegou ao one-hundred com sucesso e foi até um pouco mais além. Bati palmas e registrei aquele momento: era a coisa mais linda do mundo o sorriso que ela dava de alegria.


Chegamos em casa e o Iko, nosso amigo turco, queria companhia pra ir numa festa ali perto de casa. Eu e Louise aceitamos, por amizade, porque nossas pernas e carteiras renegavam aquilo até o fim. 




O lugar era legal. No porão tocava música estilo rap americano. No primeiro andar era uma banda de rock. A vocalista/baterista/guitarrista era uma mulher incrível. Fique atônita com o talento e voz dela. Era uma voz áspera, marcante, que me remetia levemente a Janis. Aquilo me lembrou muito o Empório e meus tempos de Anacrônica. Sandra, te cuida ai que aqui tem gente arrasando meu coração!





Ontem a Giulliana me ligou novamente e ficamos duas horas no telefone. Adoro de paixão falar com ela e amenizar a saudade. Giu, sem querer já fui naquela loja PAC SUN que você falou! Foi onde comprei minhas calças jeans. Realmente, a loja é sensacional. Tinha uma camiseta dos Beatles que por milésimos de segundos não cai na tentação de comprar. Ainda volto mais vezes lá! E o Olive Garden já descobri que tem um em Ogden, minha cidade. Vou com certeza! Depois quero o nome daquele prato que você disse ser delícia! ;)

Ontem também fomos à Praça do Natal. Muitas luzes, trenzinho e casa do Papai Noel. No centro, há um palco e esporadicamente acontecem apresentações. Para nossa sorte, iria começar um coral de crianças. Sentamos e ficamos babando na graciosidade das suas vozes agudas acompanhando suas cabecinhas que balançavam sem parar.



Após o jantar, fomos novamente no Applebee’s, mas dessa vez na nossa cidade. Sentei e fiquei admirando bem de perto a decoração: Elvis, Casablanca, Marilyn Monroe, Família Adams, Mel Gibson, Os Batutinhas, Marlon Brando, Oprah, Nicolle Kidman, Forest Gump, Carmen Miranda, Chevrolet, Corvette. Tudo em quadro, pequenos objetos, figuras e molduras. Bem ao estilo americano de ser.



As coisas aqui andam bem. Os horários de trabalho estão melhorando. Dia 04 de março é a previsão de término do meu contrato, ai é pé na estrada e fotos na máquina! Ansiedade mil! 

Estou com saudade de todos...









Demais.