terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dia 06 de dezembro

Quem está certo, quem está errado? O que é bom para você poderia ser bom para mim? Lidar com seres humanos é algo bem difícil e profundo. Compreender mente e coração exige mais do que saber significados diretos das palavras. Exige cultura, gestos, entonação e contexto. Percebo isso convivendo com pessoas de diferentes países. Alguns não entendem a ironia e entonação dos brasileiros. Normalmente somos mal interpretados e é necessário esclarecer o que realmente queríamos dizer sobre determinada piada... Aqui é bem diferente o diálogo. Entre brasileiros ou não, entre mesmas etnias ou não. Somos cada qual movidos pela personalidade de nossas mentes. Cada qual orientados pela força do sentimento e sensações. Cada um num rumo, que apesar de se encontrar em alguns pontos, nem sempre poderá andar diretamente alinhado.
Sentir-se sozinho, sentir-se deslocado faz parte. Ou você se enturma, ou você passa abatido. Ou você sai, ou você fica. Ou você sorri, ou você chora. Cada um escolhe o que quer pra si.


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Hoje fomos a várias lojas e compramos os planos de celular. Paramos para perguntar algumas dúvidas sobre o ônibus numa sapataria. Achei incrível o tamanho da cabeça do alce empalhada na parede. Na foto não aparenta, mas era ENORME. E ainda tinha uma botina com um pé de feijão. Isso não era uma fábula?


Achamos também lojas de bebidas. Aqui tudo é vendido em tamanho grande. Não entendo o porquê dessa mania de grandeza e desperdício.

Segue abaixo o meu querido pônei que ainda não escolhi o nome ao certo. Mas ele tem sido um bom amigo. Quem não tem girafa, dorme com o pônei ;)




Outra coisa que quero expressar é sobre os semáforos e a difícil lida que sofro para atravessar a rua. Não entendi ainda como funciona isso aqui nos EUA. A placa é bem clara: Pressione o botão. Ok! Tem até uma seta indicando qual rua você está atravessando. Mas ai, quando o boneco ilustrativo de “Pode atravessar, darling” aparece e você está pensando em caminhar rumo ao outro lado da avenida, ele já desaparece e tudo fica preto! Eu pensei comigo que meu tempo de travessia havia acabado. Mas não! O semáforo dos carros continuava vermelho. Logo, eles não podiam avançar. E onde estava o meu bonecopodeatravessar? Eu não estava nem na metade da rua e já tive que sair correndo. E eu juro que tento andar rápido. Mas nunca dá tempo de chegar do outro lado. Ainda preciso aprender sobre isso.





E não se preocupem, não vou abandonar meu amor pelas girafas. Já fiz questão de adquirir um bem relacionado às minhas doces pescoçudas. Logo posto fotos.  

Dia 05 de dezembro

Hoje acordei às 10h. Foi tão bom, mas logo aquilo se tornou desesperador. O que aconteceu foi que eu não mudei o horário do Brasil do meu relógio de pulso. Gosto de pensar no que as pessoas podem estar fazendo e no que eu possivelmente estaria fazendo. Ai eu faço as contas e converto as horas para o horário local. Mas na hora que vi no relógio 15h eu pensei: Meudeus! Se eu somar 5 horas, em Utah são 18h. COMO É QUE EU DORMI ATÉ ÀS 18H??? Fiquei em pânico e nem sequer lembrei-me de olhar pela janela para pensar comigo que a luz do dia não estaria tão bonita se realmente fossem 18h. Hahaha. Que bobinha, ainda estou em Jet Lag.

Sai para a rua e observei com calma a vista que temos logo a frente do Park Avenue: lindas montanhas com neve.  Caminhei pela Avenida. Dobrei à esquerda e novamente vejo montanhas. Isso não é nem um pouco ruim para mim. O plano do dia era ir ao Wall Mart.

No caminho havia uma série de caixas com jornais à venda. Cada um pega o seu e paga pelo o que retirou. Aqui o povo é muito honesto. Dá pra imaginar isso no Brasil? Tem gente que rouba até cardápio de bar... Quem dirá jornal!
Andando pela Washington DC avistei uma loja chamada com as palavras mágicas na vitrina: OUTLET. Olhei mais perto e vi o anúncio: Duas malas de viagem grandes (tipo 1,20x0,80m) com rodinhas por U$ 5,00.

Para tudo: CINCO DÓLARES POR DUAS MALAS GRANDES DE VIAGEM DA REEBOK? Vou entrar!

Era uma loja de montanhismo e tinha o que eu justamente queria: itens de sobrevivência nos EUA como luvas impermeáveis, gorro forrado e botas pra neve. Achei tudo isso e mais uma toalha minúscula (cerca de 1,5m²) que seca o corpo inteiro e é da finura de um papel. A Giulliana que vivia dizendo que isso era muito útil para malas na qual mal cabe nossas coisas femininas (tipo maquiagem, esmalte, bijuterias, minhas 56 peças de roupas e MAIS a tolha de banho). Comprei esses 4 itens por U$ 53,00. Nem vou mais comentar sobre a barateza das coisas, ok? Cansei.

Depois, tive que voltar pra casa. Aquela caixa enorme da bota me desanimou a andar até o Wall Mart (onde eu provavelmente adquiriria mais sacolas). Dei uma volta na quadra a fim de visualizar mais casas, igrejas (pra variar) e as montanhas. Vi nosso vizinho rapper e senti uma ponta de medo. Ele é MUITO RAPPER, igualzinho àqueles dos filmes americanos. Mas dizem que Utah é muito segura. Quem já assistiu Onde os Fracos Não Tem Vez que o diga, né?

Fui então para a minha missão do dia: comunicar-me em inglês para abrir uma conta bancária e comprar um plano de celular. Ambos necessitam de um vocabulário bem específico cujo Phil Youngs não ensinou ainda (ou eu faltei nessa aula também?). Chegando à Wells Fargo, além de ganhar um PÔNEI de pelúcia e ser muuuuito bem tratada pelo Bryan e o Tyson, falei mais português do que inglês. Tyson morou em Manaus por 2 anos e Bryan na Argentina por 4 anos. Ambos adoram o Brasil, mas Tyson queria praticar um teco de português com os intercambistas, só pra não esquecer completamente a língua tão bem aprendida. Foi louco conversar simultaneamente com um em português e com o outro funcionário em inglês. Eles nem sequer me davam tempo pra pensar. Era “Sim, o nordeste é muito lindo” olhando pra esquerda e mal virando o rosto tinha que dizer “How many numbers I need to put in my password?”. Sim eu adoro a cidade de Curitiba, but twelve numbers is too much to me memorize.  Mereço?

Sai dali e fui em duas lojas de celular. A Verizon e a T-Mobile. A primeira, boatos fortes que é melhor, porém não faz ligações internacionais. A segunda, por U$ 60,00 posso ligar ILIMITADO pra qualquer número nos EUA e números fixos no Brasil. Posso mandar mensagens ILIMITADAS nos EUA e no Brasil. Iiiih, tá com nada, heim TIM Liberty?

Pra sair do meu regime americano de comidas pouco saudáveis, fui ao Subway da esquina. Queria muito saber como é aqui nos EUA. Diria que a mesma coisa. Porém ao invés de picles eles têm japaleños. E o cheddar deles é ralado. Tem uns 4 sabores diferentes. Mas o resto tudo igual. Ah claro, o Subway do dia custa U$ 2,99 dólares.

Voltei para casa, uma vez que as meninas iriam voltar do trabalho e nosso combinado era lavar a roupa após o expediente delas. A Louise continua sem mala, logo ela precisava lavar as roupas pra usar amanhã as mesmas. A lavanderia é igual às dos filmes americanos: você traz suas cositas, coloca umas moedinhas e senta em cima da máquina enquanto espera a lavagem. Depois de 30 minutos, retira as peças úmidas e coloca na secadora. Mais 3 moedinhas e dali 30 minutos tudo está seco. No total se gasta U$ 2,00 por um serviço de limpeza que no Brasil paguei R$ 15,00 por um único moletom.

Subimos e tínhamos um plano bem tramado de sair para conhecer um bar bem próximo de nossas casas. O bar estava vazio, uma vez que era segunda-feira. Meia dúzia de bêbados e nós estávamos lá brindando ao som de Salud, Cheers, Saúde e Fuck you. Estou aprendendo muitas palavras novas além do english.

A diversão e dança funcionava ao ritmo capitalista: por 1 dólar você escolhe a música, senão teria que ouvir uns rap gospels que não faço ideia de quem já tenha gostado na vida. 
Escolhemos samba de início e a tentativa frustrada de ensinar a galera nos incentivou a colocar músicas engraçadas: country, salsa, sertanejo, Black and Peas... Mas o mais engraçado foi descobrir o quão universal algumas coisas podem ser deixando de lado a diferença de língua ou cultura e partindo para uma coreografia de Macarena que sem ensaio algum estava bem próximo do Bolshoi. Fiz até um vídeo. Quer rir? Assista:





Voltamos para casa bem cansadas. Amanhã preciso tirar minha licença para trabalhar em restaurante e ir ao WalMart. Preciso comprar uma gravata, camisa preta e calça social. Já imaginou a cena? Esse será o meu uniforme na Snowbasin. Se minha mãe lesse isso, diria: até parece um Bruninho de verdade!

(MUITO interna essa, hein? Se você entendeu, toca aqui BROTHER o/).