sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Chegamos à metade. E agora, José?

Colo e carinho.

Hoje estou exatamente no meio da viagem. Já se passaram 52 dias. Faltam mais 52.

O que eu sinto é que já fizemos, sim, muitas festas, passeios e fotos. Já conhecemos muitas pessoas, já chorei de saudades de casa, já liguei para vários amigos. Sinto que o tempo voa em alguns instantes e  em outros se arrasta. Agora, estando exatamente no meio de tudo, paro e penso: de quem vou sentir saudades no final?



Louise, Iko, Angela and Veg.

Esses dias teve a despedida do Eli. Um americano bem engraçado e animado. Ele foi para  a Califórnia e antes de partir fez uma semana de abraços e nostalgias. Um dia fomos ao Bar dos Beatles, outro cozinhamos comida brasileira para ele. Na sua última noite aqui em Ogden saímos para jantar fora. No último dia de trabalho, dei um forte abraço e as palavras “good luck” foram tudo que consegui pensar na hora.

Parece que 52 dias é pouco, né? Mas não é.

Em 52 dias já senti muitas saudades. Das meninas da faculdade e festas que fazíamos. Das conversas e jantares com a Giu e Di. Saudades da Georgia, Lis e Isinha e do tempo de ensino médio sentadas nas arquibancadas do Cefet. Senti muita saudade do Jamil e nossos cafés. Do Naka e Bley, suas palhaçadas e rabos de galo no Saint Patrick. Senti muita falta da Mariana, a pessoa mais meiga que eu tenho na minha vida. Senti falta do Danilo e Daniel no Empório (e senti muita inveja de quem foi no show da Anacrônica). Sinto falta até do Alberti e suas longas reuniões. Um pouco das aulas de engenharia também fazem falta. Saudades das meninas da Editora, da Dani que é tão inteligente. Como será que anda a Branca? Meus pais falo quase todos os dias, mas dá um aperto na hora de desligar o telefone (se não fosse pelo Hella, eles ainda não teriam visto nenhuma foto da viagem). Saudades imensas dos passeios de moto com o Doo, dos abraços da Bruninha, da rua da minha casa e do caminho para a faculdade. Sinto falta do bairro Orleans. Saudade de quem mora lá, principalmente.

Porém, agora tem o outro lado da moeda. Em 52 dias já conheci muito bem as pessoas daqui. Muitos deles já se tornaram amigos de verdade. Nesses 52 dias já visitei muito a casa da Ivy e da Angela. Jantamos diversas vezes, dormi outras tantas lá. Já passei horas no quarto das argentinas falando bobagens e rindo à toa. O Iko vive aqui com a gente e eu adoro a companhia dele. Esses dias ele comprou suco e pãezinhos para mim e para as meninas tomarmos café da manhã antes de sairmos para esquiar. O Veg vem nos visitar todos os dias e quando não nos vemos, admitimos: dá até saudade ficar um dia sem se ver. Cozinhamos todos juntos às vezes. Algumas vezes cada um faz um prato e nos reunirmos para jantar juntos. Já fizemos feijão para o prédio inteiro. Já fomos no Bar dos Beatles umas tantas vezes, sempre com novos parceiros. Os brasileiros sempre estão juntos, pra lá e pra cá. E o Carlo diz que não sabe como serão os seus dias de verão sem a gente aqui.



Sofia little.
Ensinei o Carlo a dizer "eu te amo"!

E agora? De quem vou sentir falta no final?

Acho que de todos. Vou sentir saudades dessa vida temporária que aqui tivemos. Até que gostei dessa história de morar sozinha, cozinhar, lavar roupa e fazer compra do mês. Gostei de ter duas irmãs, brigar pela bagunça e xingar quando acordamos de mau humor. Amei ainda mais o fato de podermos chorar juntas, pedir desculpas, se abraçar, reconciliar e tomar sorvete de madrugada. Já perdi as contas das tardes de risos, das ideias mirabolantes, das piadas infames e das brincadeiras que eu sempre caio. Já fizemos mil planos, dentre eles uma tatuagem na sola do pé. Dá pra imaginar nós três juntas? É lindo.
Louise, tipo mãe, filha, irmã.

  
Não sei se vocês me entendem, mas no começo eu só lamentava por uma saudade. Agora me sinto dividida. Até cogitei ficar mais tempo. Mas acho que o melhor é voltar aqui outras vezes com a desculpa de visitar os amigos. Em breve cada um vai para o seu país de origem. Cada um num canto do mundo. E eu quero ir atrás de todos, relembrar e reviver cada excelente momento que aqui tivemos. (E não tenha dúvidas, você vai comigo em todas as viagens, Hella. Ready?)

O motivo do título.

É claro que a minha altura não seria uma característica despercebida. Um dia ficamos parte da manhã só calculando quantos feet eu teria. Chegamos ao resultado de 4.8 ft. É pouco. A Sierra, uma garota que trabalha conosco, sempre coloca a mão na minha cabeça e diz: "so cute". Na verdade, já perdi as contas de quantas vezes já ouvi isso.

Ivy and Veg.


Ivy, Chester, Veg and Lovely.
Iko, nosso gigante favorito.
No começo achava que era sacanagem e implicância, agora eu vejo que eles falam muito disso porque aqui não é nem um pouco comum pessoas baixinhas. O Lucas insiste em dizer que sou anã. Alguém avisa a ele que nanismo (há!) só é considerado nas mulheres menores de 1,40m (UFA)! Segundo o Wikipédia, né? 

Hoje em dia eu me divirto e faço farra quando o assunto é altura. Tem um cliente que vem no restaurante todos os dias e que já me conhece. Toda vez que ele me vê, aponta e diz para mim: "148 centimeters!!". E eu respondo: "That's right!" 

Meu chefe é francês e quando passa por mim sempre me cumprimenta com "bonjour, petite". Todos da cozinha fazem comentários ou esbarram na porta sem notar que estou do outro lado, afinal a janelinha é bem mais alta do que o topo da minha franja. 


Outro funcionário, um dia desses, disse que queria me colocar no seu bolso. Olhei bem séria para ele porque no fundo não entendi: será que foi uma piada ou cantada? Conclui que pelo fato de ele ter quase 2 metros de altura era uma piada. 


O Chef Scott sempre faz alguma observação ao passar por mim. Ele é muito muito alto, mas jura que sua mãe e seu pai possuem algo próximo à minha altura. Eu duvido.
Chef Scott
sempre faz graça quando me vê.



Mas o que eu mais me divirto é a mania que o pessoal tem de abraçar e me levantar do chão. Adoro isso. Acho engraçado e me sinto a baixinha mais feliz do mundo. Além disso, a nova moda são fotos-com-a-Letícia-no-colo. Todo mundo já teve essa chance. 

Lucas, o mais louco de todos nessa viagem.


Esses dias a van atolou (tinha muita muita muita neve) e eu era uma das últimas a sair. Um menino se ofereceu para me ajudar a sair. Pegou=me nas costas dele, deu três passos, virou de costas para um morro enorme de neve e deixou o corpo dele pender para trás (mas quem estava mais atrás era eu). Cai como um peixe dentro d'água e afundei em meio a neve. Mais do que depressa grudei na jaqueta dele e puxei ele pra neve. Nakashima e Hella me conhecem - quando quero brincar até que fico fortinha. Fizemos guerra na neve e até a nossa alma ficou congelada. Apesar de tudo (molhada) eu dei muita risada. Divirto-me muito com todos daqui. 



Gabe e argentinos no trem.




6 comentários:

Georgia disse...

AH TÁ, e eu não podia tirar foto te levantando né? xp bobona!

Matheus Hella disse...

Todos têm espaço nesses dois pequenos átrios e ventrículos.

Boatos que o bairro Orleans também sente saudades. Principalmente alguns moradores.

Lucas Nienkoetter disse...

E aí lokona?! hahah to lendo sempre o blog, ta muito massa..
que história é essa demais loucão?! quer perder os dentes? hahaah
"ananismo" hahaah só você mesmo, sou tixtimunha que você falou isso HAHAHA

Mari, a meiga disse...

Não lê, tatuagem eh soh comigo e com a mah!!!

continue se divertindo meu amor... sem preocupações... linda suas fotos...
TE AMO DEMAIS...
BJOO

Nakashima disse...

Esse fone de ouvido sem som é muito Letícia.

Veridiani disse...

Também senti saudade da sua companhia por aqui, mas fico muito feliz que tenha se entregado a tudo de novo que está vivendo!
E em relação a te zoarem quanto a sua altura, isso nunca vai mudar hahaha