Chegamos ao aeroporto com tempo. Na hora de pesar a mala, aconteceu uma malandragem involuntária. Sem querer, apoiei uma das rodas da mala na parte metálica da esteira. No visor da balança dizia 25,05 kg. Na minha cabeça pensava que deveria ter abandonado o shampoo. A mala foi aceita dentro da margem da companhia (supostamente não pode ultrapassar 32kg) e dessa vez escapai ilesa. Mas na próxima não posso errar: Shampoo, você não vem comigo mais.
Entrei no avião na pressa, porque pra variar estava atrasada. Depois de ouvir um sermão de que não se pode chegar muito tempo depois do horário de embarque e umas coisas que não entendo direito sobre a pressa que as pessoas têm na vida, sentei na janelinha do avião. Ao invés de pipoca, ganhei batata chips. Mas o importante é que consegui embarcar.
A priori, pensei comigo mesma: estou muito calma, né? Mas assim que olhei através da janela e vi aquela asa imensa da nave, pensei: reflexões, aqui vou eu.
Pensei no quão longe aquela viagem me levaria. Quantos quilômetros seriam até SLC? Pensei nas pessoas ali sentadas e no destino que elas estariam indo. Pensei nas pessoas que eu estava deixando para trás indo rumo ao meu destino. O voo até SP é rápido, são cerca de 45 minutos. Enfim, quando o avião ganhou velocidade na corrida e aos poucos saindo do chão para ganhar a leveza do ar como base, senti que estava realmente viajando. Estava realmente indo ficar 3 meses fora. Estava realmente sentindo saudades antecipadas de várias pessoas que amo profundamente. A despedida com meus pais foi serena, sem lágrimas. Nós japoneses somos dotados da capacidade de se manter sóbrios (exceto nos bares, claro) e sérios quando estamos nervosos. Sei que eles estão tristes, mas sei que vão ficar bem.
Pensei em cada rosto dos quais sentirei imensa falta. Pensei nos sorrisos que dei ao olhar nos olhos de quem amo durante todo esse ano. Pensei e jurei: não vejo a hora de voltar, só pra continuar minha felicidade da forma como tenho vivenciado até hoje. A melhor possível e a mais plena que já assisti.
Já são 20h40 e vamos aterrissar. Além disso, a bateria está acabando. Ficarei até às 00h em SP esperando o próximo v0o para Dallas. Nesse voo serão 6 horas de muitas palavras.
No aeroporto de SP uma constatação: a Duty Free existe, é real e barato. Chocolate, mas muito chocolate por U$ 5,00. Ainda bem que não gosto de doces. Mas tudo é mais barato: perfumes, maquiagem, óculos etc. Só acho que deve valer a pena conferir em outros locais como são os preços antes de sair comprando.
00h00 – entrei no segundo voo, com destino a Dallas, no Texas.
Primeiro contato com o EUA: O avião americano é muito maior. E a diferença não está apenas no tamanho. Dentro do AA minhas percepções e olhares estavam totalmente voltados aos meus sentimentos materiais. Ilusão através de revistas de vendas, distração com programas de TV americanos, enchimento dos olhos com tecnologia, comida e consumismo. Bebidas, TV individual por poltrona, controle remoto, vídeos, filmes, fone, coberta, travesseiro. Há divisão das classes, igual aos filmes. Mal tive tempo de pensar na viagem em si, para onde estava indo, por que estava indo. O que eles querem é seu conforto, descontração e dinheiro.
Viagem: A viagem é mais longa do que pensei. Serão 8250 km em 9h horas. Nesse exato momento (02h40, segundo Brasília) já voamos 1750 km e estou passando por Cuiabá. A altitude é de 9753m a uma velocidade de 913 e temperatura do ambiente externo -36°. Em SLC a diferença de fuso é de -4 horas. E boatos que lá está nevando.
Burocracia: Estou me batendo horrores pra preencher uns documentos americanos. Até fiz amizade com um casal porque nós estamos bem perdidos. Já estou no meu segundo formulário e errei de novo. Quem um dia vier, que leia com antecedência o I 94 e entenda certinho cada item.
No mais tudo ok. Meu corpo dói, tudo é apertado, sem espaço (e olha que sou minúscula). Vou tentar dormir. Estou bem cansada.
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